segunda-feira, 11 de maio de 2009

A DOR... O SOFRIMENTO – LA DOLOR... EL SOFRIMIENTO – THE PAIN... THE BLUES

A DOR doutrina a gemer... A DOR ensina a sofrer...

DOR, aflição, agonia, amargura, angústia, ansiedade, consternação, desgosto, expiação...

DOR, sensação desagradável, de leve a excruciante, algo paradoxalmente fundamental, benéfico! A DOR nos acautela, por exemplo, que não mais devemos sustentar tal postura ou atitude. A DOR nos alerta quanto à possibilidade de agravos físicos ao nosso frágil corpo carnal. Gerada em estruturas sensórias espraiadas pelo corpo, conduzidas em uma malha impressionante de comunicantes, processada, analisada e absorvida em uma central processadora fabulosa, da qual desconhecemos a grande maioria de suas funcionalidades.

Mas também é a DOR o núcleo propulsor do ser humano, dito racional, dito com inteligência superior... Mas esse racionalismo todo alardeado não é capaz de liberar o ser "humano" da DOR...

-"Levei um pé na bunda, mas estou bem... Até mesmo um pé na bunda impulsiona a gente prá frente!"

Puro consolo... A dor do estar junto é maior do que a dor do estar separado? Com a palavra os siameses e as mães que perderam seus filhos – nada supera a dor da perda de um filho!

Existem dores de todos os tipos, cores, raças, crenças.

Mas a dor fundamental da humanidade é a que rege uma lei: A VIDA É UM MAR DE TRISTEZAS ENTREMEADO POR ILHOTAS DE FELICIDADES!

Essa é a grande verdade... A verdade original... A comparar-se com o pecado original... Algo intangível, incrível (já nasço pecador?), mas algo infligido pelo statuo quo dominante...

"Tudo o que você faz, um dia volta prá você..."

A DOR inibe a felicidade, em amplo sentido.

A DOR é responsável por martírios, lamúrias, tragédias... Como a do homem que perdeu a primeira mulher para outra mulher... A segunda mulher, por outro homem... Em desespero, cortou-se um próprio dedo (??!!) e foi ao hospital encaminhado para lá encontrar o grande amor de sua vida. A médica que o atendeu, tornou-se o motivo da vida daquele homem. Ainda bem que ele não realizou o que verdadeiramente desejava ao cortar seu dedo – em verdade, desejava extirpar seu próprio pênis, idealizado e projetado naquele dedo violentamente amputado. Seria mais DOR para a sua vida... Mas consolou-se com a DOR do amor daquela que o destino plantou na sua desgraça.

Mas a DOR faz com que o homo sapiens aprecie momentos pontuais da vida. Então a DOR é imprescindível.

Existem vários subtipos de homo sapienóides. Sem ciência. Basta uma rápida constatação no dia a dia (ou ainda na noite a noite, quando os seres se libertam de suas amarras formais, através, geralmente, de subterfúgios). Obviamente que há momentos de transição entre eles, passagens. Mas não cabem nesta "classificação não científica". Este é estanque. Extremamente delimitada. Obtusa.

Há o subtipo FANFARRÃO, aparentemente pseudodesprovido preocupações terrenas, disposto apenas a embalar sua mente em deleitantes momentos, prazeirosos momentos, coletivos ou solitários. Vive apenas a curtir, irresponsavelmente, porque não, a vida e o que ela o proporciona. Independente de mazelas e compromissos, vive a curtir a vida, em amplo e irrestrito sentido.

Também há o FUDIDO FELIZ. Aquele que leva uma vida dolorida, triste até, cheia de problemas, cheia de desgraças e tragédias, algo quase insolúvel. Geralmente mal de grana, não possuidor do vil metal para lhe garantir uma vida confortável. Mas, paradoxalmente, incrivelmente, é feliz. Dança. Sorriso fácil, não forçado, "sorriso da alma". Sua aura resplandecente de felicidade contagia o ambiente onde se encontra. Geralmente é chacotado por outros, que, igualmente em geral, se rotulam no próximo tópico.

O FUDIDO INFELIZ, é aquele que tem tudo, possui confortável situação de vida, casa(s), carros(s), nível de educação daqueles parcos sete por cento dos brasileiros que tem acesso aos níveis "superiores" do ensino. "Superiores" entre aspas mesmo. Quem disse que nível superior de alguma coisa traz a felicidade. Este é infeliz... Depressivo, esquizóide, dependente, deslocado. Este deseja se jogar das pontes frente aos infortúnios.

Mas o que há em comum entre os fudidos?

A DOR!!!! A dor sempre acompanhou o homem em sua trajetória pela Terra. Em verso ou prosa, ela aparece retratada de inúmeras formas, segundo as épocas e as crenças de cada povo ou indivíduo. A maneira de lidar com ela também tem variado ao longo da história. Podemos percebê-la, às vezes, como sinônimo de expiação de culpas, a exigir dos sofredores uma postura passiva e resignada. Outras vezes, é vista como teste de fortaleza, que impõe às suas vítimas uma atitude heróica. Há ainda os que crêem nela como a manifestação de forças malévolas; também existem, por outro lado, os que a idolatram, pois encontram na dor um refúgio para seus medos. Essa fiel companheira de nossa espécie apresenta-se a cada um de nós de modo diferente, segundo aspectos pessoais, genéticos, psicológicos ou culturais. Ou ainda, interesses. Quem não usou de sua dor para obter algum benefício secundário?

Mas a dor é a mola propulsora da humanidade. Sem dor, sem sofrimento, o homem não evoluiria. Da dor das guerras, grandes avanços na medicina. Da dor da violência urbana, avanços nos estudos e pesquisas acerca. Da dor do amor, avanços na maturidade. Da dor do parto, avanços na construção da família. Ou desconstrução. Da dor do fim, novo início. E no novo início, o temor da dor de um novo fim.

DOR. Onipresente. Ubíqua. Universal.

A DOR dos que a superaram para, naquela noite - naquela mesa, onde ele sentava sempre, e me dizia sempre o que é viver melhor, ele contava história que hoje na memória eu guardo e sei de cor, nos seus olhos, era tanto brilho... – entregarem corpos e mentes, docilmente, ao regional do chorinho, doméstico, caseiro, profissionalmente improvisado. A saudade dele... Está DOENDO em mim... Mais uma vez aflora a DOR, agora criando arte, poesia, acalanto ao espírito que anda. Havia sempre alguém pagando um trago, pelo simples direito de falar. Havia sempre uma tragédia entre dois copos, nas gargalhadas daqueles a soluçar! Se eu soubesse o quanto dói a vida, essa dor tão doída, não doía assim!

Não sabemos se Jesus, o cristo, era branco ou preto. Loiro, com olhos azuis, cabelos encaracolados... Era assim ele? Verdadeiramente existiu ele, como nos contam? Podemos discutir, debater, criticar sua história? Tan diferentes Banderas... Y la pobreza es la misma... Yo quiero romper mi mapa... Formar el mapa de todos...

Não sabemos o que seria da raça humana sem a DOR, sem a TRISTEZA e o SOFRIMENTO. É a verdadeira mola propulsora do progresso do mundo. Não foi a pólvora, não foram as grandes navegações, não foi a revolução industrial, não foram os Beatles... Por que todos esses fatores estão calcados na DOR.

E por aí vamos... Sempre sem pretensões cientificistas... Apenas oprimindo teclas e teclas, a bel prazer das cerebrais ondas, ébrias, por vezes, mas quem atira a primeira pedra?

Rechiflao en mi tristeza, te evoco y veo que has sido
de mi pobre vida paria sólo una buena mujer
tu presencia de bacana puso calor en mi nido
fuiste buena, consecuente, y yo sé que me has querido
como no quisiste a nadie, como no podrás querer.

 

 

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