quinta-feira, 13 de agosto de 2009

T a M i F l U... alucinógeno...

Gostaria de agradecer a todos os que se preocuparam com meu ser, especialmente a MINHA FAMÍLIA!!!

Era meio dia... Uma tosse seca, irritante, improdutiva e impertinente chega... Deixa aquele sinal de que mais uma"gripezinha" de avizinha... Como tantas outras que já chegaram e tantas outras que chegarão!!!

Sem nada além de uma tossezinha seca, as atividades triviais ocupam o resto do dia, privando o recomendado repouso que nós todos orientamos nossos pacientes a fazerem... Mas os semideuses humanóides não se permitem repousar. Workaholic, acima de tudo... Imbatíveis, invencíveis, indestrutíveis.

Algumas horas depois, além da tossezinha seca, uma certa dor na garganta, ao engolir saliva, igualmente impertinente, se aprochega! E junto a ela, poucas horas depois do início daquela malfadada tosse seca, uma febrezinha, mas uma febrezinha de nada... Daquelas tantas febre que tivemos e teremos, daquelas que "não significam nada".

Ainda labutando, tento algumas horas de repouso, regadas a dipirona e paracetamol... Alívio apenas parcial... Ledo engano a mim mesmo, agora já antevendo a possibilidade de algo "maior"... Mas, indestrutível que sou, imbatível, invencível, e, sem jamais dar o braço a torção, sigo no baile... Dançando prá não dançar, diria a Rita Lee Jones!!!

Mas, em algum momento destes, chega a cefaléia acompanhada de uma absurda e difusa dor muscular, como comemorativos de minha moléstia atual, acompanhados agora sim, de febre de verdade – 39, 40 graus na axila!!!

E ainda não se passaram 24 horas do início daquela tossezinha chata, seca, inoportuna e impertinente.

Vou para casa, mas antes, fruteira, mercearia e tal... A cabeça explodindo, o raciocínio meio embotado, pela dor e pela sensação de "homem comum", de "pessoa que também pode adoecer". Não há dipirona no mercado que alivie a cabeça... Coriza e congestão nasal são meus mais novos acompanhantes...

Finalmente em casa, cama, repouso, mais dipirona, descongestionantes, mais analgésicos... Kurt Cobain pediria umas doses extras de heroína, para alívio das dores musculares, a esta altura generalizadas o quanto possível seja, ou seja, dói tudo, até as sobrancelhas... Os olhos ardem e a luz incomoda... Mais cefaléia... Obstrução nasal total e refratária a todos os descongestionantes que conheço... E mais dipirona... Chego a usar 2 gramas de dipirona de 4 em 4 horas, para dor e febre...

Os colegas se movimentam, ligações, preocupações, buracos nas escalas de plantão...

E chega até mim, prescrito,como deve ser, justificado, como deve ser, sem "atropelo" algum e sem quebra alguma dos protocolos, o TAMIFLU... Mal sabia eu que se tratava de uma droga alucinógena disfarçada...

A partir da segunda dose, passo a sentir coisas estranhas, pensar coisas estranhas, pelo menos coisas com as quais não estou habituado no dia a a dia a pensar... Sonhar coisas estranhas... E a mialgia parece que piora. A cefaléia, idem...

Temos 48 horas daquela tosse seca, me encontro jogado no leito (de morte???) por 18 a 24 horas a cada dia... Assim seria por 3 longos dias...

Lembro de ter tentado assistir TV, algum pedaço de filme, ter lido algum email... Mas não lembro detalhe de nada... Assustador... Um vácuo!!!

Vários sonhos malucos, good trips e bad trips...

Verdadeiras viagens... Voos e sobrevôos sobre gramados verdejantes de doer as retinas... Passagens pelo inferno flamejante e pelo paraíso alvo e tranqüilo... Bastava dormir um pouco para uma miríade de imagens desconexas tomarem o lugar da consciência... Muito calor, muito frio... Muito tudo.

Lembro de um fato, este em detalhes...

Estava dormindo, acordei com "a bexiga cheia" e uma dor forte no testículo esquerdo...

Fui ao banheiro, prover a "artrocentese terapêutica" habitual, e resolvi tomar um banho, sei lá porquê. Madrugada. Frio. Silêncio.

No banho, observo uma crosta melicérica no testículo esquerdo. Mas não lembro de haver nenhuma lesão...

Retiro a crosta e, para meu pavor, começam a sair larvas, milhões delas, do lugar onde outrora vivia meu testículo...

Depois de algum tempo eclodindo aquelas larvas – lembro de não sentir dor alguma – passaram a sair vespas aladas, as quais tomaram conta do banheior por completo, ganhando a rua, ganhando a madrugada escura através da janela...

Após esse fato dantesco, após todas as larvas e vespas aladas saírem de meu testículo, termino meu banho da madrugada e retorno para cama.

O silêncio da madrugada só é interrompido pelo latejar das minhas têmporas, lembrando que a cabeça ainda doía o dia e a noite toda.

No outro dia, acordei melhor!!!

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